Por que os asiáticos têm olhos mais alongados? A ciência explica

Algumas populações de regiões específicas pelo mundo apresentam características físicas específicas e marcantes, que são capazes de fazer com o indivíduo seja reconhecido como parte daquele povo. É o caso, por exemplo, dos nascidos ou descendentes de alguns países da Ásia, como os chineses, coreanos, japoneses, mongóis, entre outros.

Apesar de terem diversas características diferentes entre si, eles têm um ponto em comum: os olhos alongados, chamados pela ciência de dobra epicântica (ou apenas epicanto).

Essa característica é uma adaptação evolutiva, para proteger essas populações da luz do sol em regiões frias, assim como alguns povos possuem nariz mais estreito (por conta do clima frio e seco) ou mais largos (em climas quentes e úmidos).

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Confira na matéria abaixo mais informações sobre como e porque essa adaptação acontece, e quais são as pessoas que a possuem.

close nos rosto de uma mulher asiática
A dobra epicântica acontece quando uma parte da pele que vai do nariz até o começo da sobrancelha encobre o canto interior do olho. (Imagem: Freepik)

Por que os asiáticos têm olhos mais alongados?

De forma simples, a dobra epicântica acontece quando uma parte da pele que vai do nariz até o começo da sobrancelha encobre o canto interior do olho. A dobrinha nos olhos é muito comum em pessoas naturais da Ásia oriental, como os mongóis, chineses, coreanos e japoneses, além dos países do sudoeste asiático, como vietnamitas, tailandeses, filipinos, indonésios, malaios e polinésios.

Fora do continente asiático, essa característica pode ser encontrada nos nativos inuítes do Canadá e alguns povos indígenas da América do Sul.

Além disso, a dobra epicântica também pode ser vista em pessoas com Síndrome de Down. Observa-se também que algumas crianças, independentemente da etnia, nascem com os olhos mais alongados, mas perdem essa característica com o passar do tempo, conforme o nariz cresce.

Com isso, podemos perceber que esse traço é herdado geneticamente. Porém, por que é tão mais comum nos povos asiáticos?

mulher asiatica posa com um tecido rendado
Estudos indicam que esse formato de olho bloqueia a entrada de muita luz, protegendo a pessoa contra a cegueira da neve. (Imagem: Freepik)

O que levou essas populações a terem essa característica tão forte?

Estudos indicam que esse formato de olho bloqueia a entrada de muita luz, protegendo a pessoa contra a cegueira da neve – um desgaste da córnea causado pela penetração de radiação ultravioleta. Isso porque, nas partes da Ásia que foram mencionadas, o inverno é bastante rigoroso, e a neve pode refletir até 80% dos raios UV, aumentando o risco de exposição aos olhos.

Isso causa uma queimadura solar nos olhos, chamada cientificamente de fotoceratite. É por isso também que alguns povos indígenas nativos do Ártico teriam criado óculos de Sol com pequenas aberturas horizontais, simulando o estilo do olho mais fechado.

Fora isso, o epicanto é um pedaço de gordura que recobre o canto do olho, ajudando a manter a temperatura corporal do indivíduo, uma vez que essa substância é um bom material insulante e permite que menos calor escape durante os dias de extremo frio. Além de proteger do frio, esse traço também protege os olhos dos ventos intensos.

Aqueles que vivem em regiões próximas dos polos recebem um percentual maior de luz do Sol diretamente nos olhos, onde há mais gelo, e as camadas de solo gelado possuem mais capacidade de refletir a luz solar. Sendo assim, é provável que as populações indígenas que ocuparam as Américas tenham herdado essa característica, uma vez que elas chegaram dessas regiões mais frias.

close de perto em um olho puxado
É errado pensar que os olhos dos orientais são menores: o que muda é apenas o formato por conta da pálpebra mais saliente. (Imagem: Freepik)

De acordo com o professor de psicologia evolutiva Robin Dunbar, da Universidade Oxford, esses povos da Ásia também são descendentes daqueles que viveram na Sibéria, uma região bastante conhecida pelo seu frio extremo, e depois migraram para o sul. Contudo, é errado pensar que os olhos dos orientais são menores: o que muda é apenas o formato por conta da pálpebra mais saliente.

Segundo um estudo publicado por Dunbar em 2011, após a análise do crânio de 55 esqueletos que viveram no século XIX, as alterações quanto ao tamanho dos olhos não são divididos entre Ocidente e Oriente, mas entre os trópicos e as zonas polares. “Como a quantidade de luz é menor, a retina precisa ser maior para captar mais luz”, diz ele.

Suas conclusões dizem que os povos africanos, indígenas americanos e grupos que moram perto da Linha do Equador têm olhos menores, enquanto os asiáticos e europeus, que vivem mais perto dos polos, têm olhos maiores. Os olhos deles chegam a ser 20% maiores do que os dos que vivem nas áreas com mais calor e luminosidade.

Em 2015, foi publicado um artigo científico contando mais detalhes sobre como esse processo evolutivo aconteceu. De acordo com o texto: “Fatores climáticos como a forte luz ultravioleta, o frio siberiano e a poeira amarela do nordeste da Ásia podem ser causas potenciais de franzimento excessivo, e o franzimento excessivo repetido pode induzir a hipertrofia do músculo orbicular. Antropólogos já presumiram que esses fatores são causas do epicanto. (…) A contração muscular excessiva seria uma ação inevitável para a proteção dos olhos contra a severidade ambiental. Assim, a adaptação ao ambiente seria uma causa básica para a formação do epicanto”.

mulher asiatica com roupa branca no sol de olhos fechados
O epicanto é um pedaço de gordura que recobre o canto do olho, ajudando a manter a temperatura corporal do indivíduo. (Imagem: Freepik)

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