Em turnê com o Capital Inicial, Dinho Ouro Preto celebra 25 anos do álbum ‘Acústico MTV’: ‘Divisor de águas’


Vocalista revela que expectativa com o projeto audiovisual era boa na época, mas repercussão corrigiu a rota da banda para sempre. Grupo passa por Ribeirão Preto, SP, neste sábado (22). Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial
Fábio Tito/g1
Há 25 anos, o rock de Brasília voltava a ter protagonismo na cena musical brasileira. O Capital Inicial lançava o projeto audiovisual “Acústico MTV”, que voltaria os holofotes à banda e a colocaria na posição de destaque de onde ela jamais saiu desde então.
O sucesso foi tanto lá no ano 2000 que até hoje o Capital Inicial não sabe ao certo quantas cópias vendeu – estima-se que mais de um milhão em uma época que a pirataria de CDs e DVDs era uma dor de cabeça para artistas e gravadoras.
Mas, com toda certeza, o trabalho é um “divisor de águas” para a banda nas palavras do próprio Dinho Outro Preto.
“É um disco emblemático pra gente. Como eu te disse, foi um divisor de águas. A gente abriu a possibilidade de a gente reescrever um outro capítulo, da gente lançar músicas, o que a gente fez com fervor”, diz.
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Para comemorar o sucesso duas décadas e meia depois, a banda está reunida em uma turnê de aniversário e passa por Ribeirão Preto (SP) neste sábado (22).
Fê Lemos, Dinho Ouro Preto, Flávio Lemos e Yves Passarell estão revivendo o formato acústico de canções como “Fátima” e “Veraneio Vascaína”, que surgiram no movimento punk rock dos anos 1980, e que se juntaram a baladas, como “Tudo que Vai” e “Primeiros Erros” – esta última, por causa do álbum, se consolidou como um mega hit nacional.
Capa do disco ‘Acústico MTV – Capital Inicial’ lançado no ano 2000
Divulgação
Expectativa boa, mas nem tanto
Em 1993, Dinho Ouro Preto deixou o Capital Inicial para se dedicar a projetos solo. Após diferentes experimentos, a banda se reuniu novamente em 1998 e viajou aos Estados Unidos para gravar um disco novo, chamado “Atrás dos Olhos”, o que deu origem a uma turnê.
No final de 1999, o Capital Inicial recebeu uma proposta da MTV Brasil para gravar o acústico. Titãs e Rita Lee tinham acabado de lançar seus trabalhos com o selo, e as investidas tinham sido bem-sucedidas.
Segundo Dinho, a expectativa da banda era boa para a produção, até mesmo porque estava fora da mídia há algum tempo, mas a repercussão foi surpreendente.
“Nem a MTV, nem a gravadora, nem a gente, imaginava que a coisa pudesse ser uma explosão nuclear, que foi um disco com uma proporção que até hoje a gente não sabe qual é o número exato que o disco atingiu, a gente sabe que ele vendeu mais de 1 milhão de cópias. E eu acho que isso é bom, sabia, de você sempre moderar as suas expectativas, de você sempre estar esperando menos e se vier algo maior é lucro, sabe?”, diz.
Veja trecho do show do Capital Inicial no festival João Rock:
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Fenômeno
Muita gente descobriu o trabalho da banda por causa do “Acústico”. O Capital Inicial não saía dos programas de TV, das rádios, os shows estavam sempre lotados, inclusive rolou uma apresentação no Rock in Rio.
Para o frontman, o álbum serviu como uma correção de rota, uma espécie de segunda chance.
“Acredito que a volta do Capital é uma chance de mostrar aos nossos fãs e também a quem não nos conhecia, de mostrar ‘olha só, a gente é capaz de fazer isso’. Para mim, é um presente, caiu do céu, sabe? No nosso meio, no show business, é muito raro te darem uma segunda oportunidade, de você poder ‘ah, pera aí, vou tropeçar ali, vou começar de novo’. Foi mais ou menos isso”, afirma Dinho.
Turnê do ‘Acústico 25 anos’ do Capital Inicial celebra álbum ‘Acústico MTV’ em Ribeirão Preto, SP
Fernando Schlaepfer
Surfando na onda
De fato, o sucesso do projeto levou a banda a uma nova trajetória. Era preciso se manter no topo, perpetuar, abastecer velhos e novos fãs sedentos.
“As nossas vidas mudaram a partir de então. A partir desse momento, o Capital abriu um capítulo novo na sua discografia e, em vez de ficar vivendo só daquele grande momento, a gente resolveu fazer um disco a cada dois anos. E a gente manteve isso até a pandemia.”
O primeiro álbum de estúdio depois do acústico foi “Rosas e Vinho Tinto”, lançado em 2002 já com Yves Passarell na guitarra, em substituição a Loro Jones. O disco superou as expectativas, muito bem sustentado por sucessos como “À Sua Maneira”, “Como Devia Estar” e “Quatro Vezes Você”.
Kiko Zambianchi
Reprodução/EPTV
Parceiro Kiko Zambianchi
Toda vez que o Capital Inicial toca “Primeiros Erros” ao vivo é uma catarse. Não tem um ser vivo que consiga ficar imune à balada composta por Kiko Zambianchi, que é de Ribeirão Preto.
Em entrevista anterior ao g1, o próprio Dinho Ouro Preto disse que chega a comparar o momento do show a um ritual de comunhão.
E essa tal comunhão não está ligada apenas à conexão com o público, mas a uma amizade de décadas que o Capital Inicial tem com o músico. Kiko esteve na produção e na execução do “Acústico MTV” e, agora, integra a turnê de aniversário para abrilhantar ainda mais o show com sua performance ao violão.
“E aí parecia que era uma coisa natural que ele viesse a participar, além do compositor que ele é, como colaborador, como artista, sabe? E foi uma das melhores coisas que a gente já fez. O Kiko, muitas pessoas o conhecem pelas gravações, os discos dele, que são todos excelentes, acho muito bons, mas o Kiko tocando violão é algo de outro planeta”, tieta.
Tomadas desligadas
A participação de Kiko na turnê é mais do que bem-vinda, principalmente porque o show foi, claro, pensado para recriar a atmosfera do acústico. A experiência está sendo inusitada até para o próprio Dinho Ouro Preto.
“Como a gente estava acostumado a tocar isso elétrico, é difícil você não esquecer, você se distrair e cantar a versão elétrica. Traduzindo em palavras, é menos, sempre menos, tudo menos, é muito mais introspectivo. E é o inverso do que o Capital representa na verdade, que é mais barulho, uau, todo mundo, volume, energia. O acústico é o inverso”, diz.
Novo EP a caminho
Dinho Ouro Preto não faz mistério sobre os planos futuros do Capital. As novidades incluem o lançamento de um EP, que terá quatro ou seis músicas inéditas, uma delas assinada por Kiko Zambianchi.
“Posso te adiantar que vão ser acho que quatro ou seis músicas. Posso te adiantar que tem uma música inédita do Kiko Zambiaki, a gente deve fazer juntos, gravar juntos, e que as músicas estão super legais. E eu estou aqui me coçando para lançar, acho que elas ficaram muito boas.”
Os ensaios começam na próxima semana e as gravações, em abril.
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