Cobre, TI e arbitragem: as apostas da Oi para conter perdas em 2025

A Oi iniciou 2025 com expectativa de recuperar parte de sua rentabilidade a partir do segundo trimestre, apoiada em novos contratos no segmento corporativo, medidas de eficiência e na retomada do processo arbitral com a Anatel. As informações foram apresentadas pelo CEO, Marcelo José Milliet, durante a conferência de resultados do quarto trimestre de 2024, realizada hoje, 27 de março.

Ao longo de 2024, a companhia avançou em etapas críticas do seu segundo plano de recuperação judicial (PRJ), homologado em março do mesmo ano. O processo incluiu a reestruturação da dívida financeira, redução de passivos com fornecedores e capitalização de dívida, o que resultou na transferência de pouco menos de 80% do capital social da companhia aos credores. Também foram concluídas a emissão de instrumentos de dívida, o desembolso do novo financiamento e a eleição de um novo conselho de administração.

Migração regulatória e arbitragem com a Anatel

No campo regulatório, a Oi assinou a migração do regime de concessão para autorização no serviço de telefonia fixa comutada (STFC), o que permitiu a retomada da arbitragem com a Anatel. O objetivo da companhia é buscar compensações por desequilíbrios econômicos do antigo contrato de concessão. Segundo a administração, é esperada uma primeira decisão de mérito ainda em 2025, embora a conclusão definitiva do processo não tenha prazo determinado.

Alienação de ativos e reorganização operacional

No âmbito operacional, a companhia descontinuou os serviços de fibra ao consumidor final (Oi Fibra) e de TV por assinatura (DTH), com a venda da unidade UPI ClientPro para a V.tal. A operação, concluída em fevereiro de 2025 e avaliada em R$ 5,7 bilhões, não envolveu componente caixa: a Oi recebeu créditos e ações da V.tal, passando a deter 27,5% da empresa de rede neutra.

Com a alienação desses ativos, a administração projeta melhora gradual do Ebitda e da margem operacional em 2025, especialmente após o encerramento das obrigações associadas ao regime de concessão e a readequação da estrutura administrativa. No entanto, Milliet afirmou que a saída da operação da ClientCo não permite antecipar um Ebitda de rotina positivo já no segundo trimestre devido ao peso contínuo das operações legadas. A companhia também evitou divulgar qualquer guidance para o ano, em razão do fato de estar em recuperação judicial.

Oi Soluções representa 65% da receita e concentra estratégia

A principal frente de crescimento para 2025 segue sendo a Oi Soluções, vertical de negócios voltada ao mercado corporativo (B2B), que hoje representa 65% da receita da Nova Oi. Apesar de retração no trimestre, as receitas da área cresceram em serviços de maior valor agregado: +11% em cloud e +20% em UC&C (comunicação unificada e colaborativa). A companhia destacou que novos contratos firmados no fim de 2024 devem impactar positivamente os resultados a partir do segundo trimestre de 2025.

Venda de ativos e monetização do cobre

Para reforçar a liquidez, a empresa lançou mão de medidas como antecipação de superávits do plano Sistel, venda de imóveis e o resgate judicial de valores relativos à dívida com a Anatel, o que contribuiu para um aumento de 35% no caixa, que fechou 2024 em R$ 1,8 bilhão. A Oi também busca recuperar créditos e acelerar a venda de ativos, inclusive de cobre — cuja monetização foi detalhada por Marcelo Milliet.

Segundo o CEO, a Oi mantém um compromisso de venda da totalidade do cobre subterrâneo para a V.tal, em um processo ainda em curso, descrito como complexo e de longo prazo.

Já o cobre aéreo permanece sob controle da companhia e está sendo vendido como sucata valiosa no mercado nacional e, possivelmente, no mercado internacional. Milliet observou que os preços do cobre variaram entre US$ 8 mil e US$ 12 mil por tonelada nos últimos 12 meses, com forte volatilidade atrelada às cotações da London Metal Exchange. Ele destacou ainda que o valor efetivo da receita depende do custo de extração, que vem aumentando à medida que o trabalho chega a áreas mais dispersas.

Além da receita com a venda, a retirada dos fios de cobre também gera economia com redução de custos de manutenção, aluguel de postes e obrigações regulatórias associadas ao antigo modelo de concessão.

Corte de despesas e estrutura mais enxuta

A empresa mantém seu foco na redução de despesas operacionais, com corte de 38% no Opex e 41,8% no Capex no ano. O número de colaboradores foi reduzido em 14%, e os custos de manutenção da infraestrutura legada caíram cerca de 30%. A racionalização de contratos e canais comerciais também segue como prioridade em 2025, avisou.

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