
Em vez de plantar árvores, o governo do Pará optou por instalar estruturas metálicas em formato de árvores, chamadas de “jardins artificiais” para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), na orla da Nova Doca, em Belém.
A iniciativa, que faz parte dos preparativos para o evento que ocorrerá em novembro deste ano, tem sido alvo de críticas por priorizar estruturas artificiais em uma cidade que sofre com a escassez de áreas verdes.
Projeto inspirado em Singapura
O governo estadual justificou a medida alegando que as estruturas, feitas com vergalhões metálicos reciclados, servirão para ampliar áreas de sombra em locais onde o plantio de árvores reais seria inviável.
A arquiteta responsável pelo projeto, Naira Carvalho, explicou que a ideia foi inspirada em modelos de Singapura, onde estruturas semelhantes são utilizadas em áreas urbanas.
“Esses jardins suspensos vão oferecer sombra e conforto térmico em espaços onde não há condições para o plantio de árvores, seja pela falta de espaço para as raízes ou pela qualidade do solo”, disse Carvalho.
Críticas: falta de arborização real
A decisão, no entanto, foi recebida com descontentamento por parte da população e especialistas. Entre as principais críticas estão:
- Priorização de estruturas artificiais em vez de investir no plantio de espécies nativas adaptadas ao ambiente urbano;
- Falta de transparência sobre o custo do projeto, já que o valor do investimento não foi divulgado;
- Contradição com a pauta ambiental, uma vez que a COP30 discutirá justamente soluções sustentáveis e reais para as mudanças climáticas.
Belém é uma das capitais menos arborizadas do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Além disso, a cidade enfrenta problemas frequentes com a queda de árvores centenárias durante o inverno amazônico, quando as chuvas intensas enfraquecem a estrutura das plantas.
Meta de jardins artificiais até a COP30
A Secretaria de Obras Públicas (Seop) informou que, até a realização da COP30, serão instaladas 180 unidades desses “jardins suspensos” em pontos estratégicos da capital. Inicialmente chamadas de “árvores artificiais” pelo governo, as estruturas foram rebatizadas após as críticas.
Enquanto o governo defende a solução como inovadora, urbanistas e ambientalistas questionam se a medida não seria apenas uma “maquiagem verde” em vez de um investimento efetivo no aumento da cobertura vegetal da cidade.
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