EUA criticam presença da China no Canal do Panamá e anunciam reforço militar na região

Durante uma visita ao Panamá, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, classificou como “inaceitável” a presença chinesa nos portos do Canal do Panamá e anunciou novas iniciativas de cooperação militar com o governo panamenho. A declaração, feita na terça-feira (8), marca mais um capítulo da crescente tensão entre Washington e Beijing pela influência em pontos estratégicos da América Latina, segundo a rede Radio Free Asia (RFA).

“O Canal do Panamá se tornou um ponto central de disputa geopolítica, e não vamos permitir que a China ou qualquer outro país ameace sua operação”, disse Hegseth, durante a inauguração de um novo cais financiado pelos EUA na base naval Vasco Nuñez de Balboa. O secretário afirmou ainda que “os Estados Unidos e o Panamá fizeram mais, nas últimas semanas, para fortalecer nossa cooperação em defesa e segurança do que em décadas”.

Canal do Panamá: controle de portos é alvo de disputa entre EUA e China (Foto: Roger W/Flicker

Hegseth denunciou que empresas chinesas ainda controlam infraestruturas essenciais nas imediações do canal. “Isso dá à China o potencial para realizar atividades de vigilância em todo o Panamá. Isso torna Panamá e Estados Unidos menos seguros, menos prósperos e menos soberanos. E, como o presidente Donald Trump apontou, essa situação é inaceitável.”

A resposta da China veio por meio de sua embaixada no Panamá, que publicou uma nota nas redes sociais criticando os Estados Unidos por “chantagem” e interferência indevida em decisões soberanas panamenhas. “Quem o Panamá escolhe para fazer negócios é uma decisão soberana do Panamá… e algo em que os EUA não têm o direito de interferir”, declarou a embaixada, acusando Washington de promover uma campanha “sensacionalista” para minar a cooperação sino-panamenha.

A disputa acontece enquanto o consórcio de Hong Kong que controla os portos de Balboa e Cristóbal, nos extremos do canal, negocia a venda de sua participação majoritária. Em março de 2025, a CK Hutchison Holdings anunciou a venda de 90% da subsidiária Panama Ports Company para um consórcio liderado pela americana BlackRock Inc., em um acordo de US$ 22,8 bilhões (cerca de R$ 116 bilhões) que abrange 43 portos em 23 países.

Na segunda-feira (7), o governo do Panamá informou que concluiu uma auditoria nos contratos do consórcio de Hong Kong e identificou irregularidades. A mudança no controle acionário, caso seja finalizada, colocaria os principais portos do canal sob domínio americano.

Em Hong Kong, o chefe do Executivo, John Lee, criticou as pressões internacionais: “O governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong insta os governos estrangeiros a fornecerem um ambiente justo e imparcial para as empresas, incluindo as de Hong Kong.”

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