Solidão ou liberdade?


Conheço algumas pessoas que moram sozinhas e descrevem o prazer que é chegar em casa e desfrutar da própria companhia com boa música ou o silêncio mesmo – mas com a liberdade de fazer o que quiser. Ou, simplesmente, não fazer nada.
Mas nem todo mundo pensa da mesma maneira. O relato divide opiniões. Tem gente que admira e até sonha, em um dia, morar sozinho. Já outros consideram a ideia aflitiva. E tudo bem: a mesma experiência pode despertar sentimentos bem diferentes. Para alguns, é um encontro com a própria essência. Para outros, um mergulho no vazio, na dor, no abandono. Na primeira visão, o silêncio traz sensação de paz. Na segunda, incômoda.
A verdade é que entrar em contato com a solidão nem sempre é fácil, pois ela nos coloca frente a frente com nossas inseguranças, medos e fragilidades. Talvez por isso tanta gente mergulhe de cabeça na correria do dia a dia, no trabalho, nas redes sociais, como uma válvula de escape para andar na contramão do universo interno e fugir de questões que causam aflição.
Claro que, vez ou outra, se desligar um pouco do mundo lá fora é necessário. Precisamos de momentos de pausa para refletir sobre escolhas, dores ou simplesmente para descansar. No entanto, quando esse isolamento se torna constante e doloroso, é um sinal de que algo precisa mudar.
É importante lembrar que somos muito mais do que mostramos nas redes sociais, nas festas ou nos encontros casuais. Nossa essência se revela mesmo é no silêncio, na privacidade, quando nos permitimos refletir sobre quem realmente somos.
Sendo assim, ao se deparar com a solidão, é importante enxergá-la de outra forma, pois ela também pode ser uma excelente oportunidade para o autoconhecimento – que não aponta apenas nossas limitações, mas também nossas capacidades, que nem sempre são reconhecidas por nós mesmos. Quando nos damos esse tempo, conseguimos reorganizar os pensamentos e fortalecer nosso equilíbrio emocional.
E mais: quando aprendemos a curtir a própria companhia, os relacionamentos que surgem na vida tornam-se escolhas conscientes – e não uma necessidade motivada pelo medo de ficar sozinho, o que faz muita gente entrar em relacionamentos tóxicos.
Estar só, por escolha e não por imposição, é uma arte. Requer coragem pra encarar o espelho da própria existência sem filtros ou distrações.
Portanto, quando estiver sozinho, aproveite! Redescubra-se. Curta sua companhia. Aprenda a ser feliz também assim. Afinal, a melhor relação que podemos construir é com a pessoa que está conosco o tempo todo: nós mesmos. Créditos: Joselene L. Alvim- Psicóloga
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