Descoberta sobre a crosta reescreve a linha do tempo geológica da Terra

Um estudo publicado recentemente na revista Nature traz novos dados sobre a formação da crosta terrestre. Pesquisadores descobriram que a protocrosta da Terra, a primeira camada sólida do planeta, era surpreendentemente parecida com a crosta de hoje. 

Esse achado pode mudar a maneira como entendemos a transição da Terra de um planeta coberto por magma para a atual configuração com placas tectônicas em movimento.

Resumidamente:

  • A protocrosta da Terra, formada entre 4 e 4,5 bilhões de anos, já apresentava características semelhantes à crosta atual;
  • Uma nova pesquisa mostrou que a assinatura de baixo nióbio estava presente na protocrosta, antes das placas tectônicas;
  • Isso sugere que a crosta continental pode ter se formado antes da ativação das placas tectônicas;
  • Elementos siderófilos indicam que a formação do núcleo foi crucial para o desenvolvimento da crosta;
  • A descoberta abre novas perspectivas sobre a geologia terrestre e a formação de planetas rochosos.

A pesquisa foi conduzida por uma equipe de cientistas liderados por Simon Turner, geoquímico da Universidade Macquarie, na Austrália. “Os cientistas há muito pensam que as placas tectônicas precisam mergulhar umas abaixo das outras para criar a impressão digital química que vemos nos continentes”, disse Turner, em um comunicado. “Nossa pesquisa mostra que essa impressão digital existia na primeira crosta da Terra, a protocrosta – o que significa que essas teorias precisam ser reconsideradas”.

A Terra primitiva foi bombardeada por meteoros que desempenharam um papel crucial na interrupção e reciclagem da primeira crosta terrestre. Crédito: Universidade Macquarie

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Modelos matemáticos recriaram a composição da primeira crosta da Terra

A chave para essa mudança de entendimento está no elemento nióbio. Normalmente, nas zonas de subducção, onde uma placa desliza para baixo de outra, o magma perde nióbio à medida que esse elemento é retido em camadas mais profundas. Durante muitos anos, acreditava-se que a falta de nióbio nas rochas era uma indicação de que as placas tectônicas já estavam ativas. No entanto, a pesquisa revelou que essa assinatura de baixo nióbio já estava presente na protocrosta, antes mesmo das placas tectônicas se formarem.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas usaram modelos matemáticos para recriar a composição da protocrosta da Terra, que se formou entre 4 e 4,5 bilhões de anos atrás, no Éon Hadeano. Os resultados mostraram que o nióbio foi atraído para o núcleo, sem a necessidade de placas tectônicas. Isso sugere que a crosta continental pode ter se formado muito antes do que imaginávamos, como parte do processo inicial de formação da Terra.

As rochas continentais modernas carregam assinaturas químicas desde o início da história da Terra, desafiando as teorias atuais sobre as placas tectônicas. Crédito: Universidade Macquarie

Além do nióbio, a pesquisa também observou o comportamento de outros elementos siderófilos, atraídos pelo ferro no núcleo terrestre. Esses elementos reforçaram a ideia de que a formação do núcleo foi essencial para o desenvolvimento da crosta. A descoberta pode mudar nossa compreensão sobre a geologia da Terra e também oferecer novas pistas sobre como planetas rochosos podem formar continentes.

Esse estudo oferece uma nova perspectiva sobre a formação do planeta e abre caminho para entender processos semelhantes em outros planetas. Ele também nos leva a repensar como os planetas rochosos em outros sistemas solares podem ter se formado e evoluído, levando a conclusões que podem ser fundamentais para a astrobiologia e a exploração espacial.

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