
Levantamento é do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Cresce número de pessoas em situação de rua em SP
Quase 3 mil pessoas passaram a viver em situação de rua na cidade de São Paulo no primeiro trimestre deste ano. Esse número se soma a um contingente que, em março, chegou a 96.220 — contra 93.355 em janeiro.
No estado de São Paulo, foi registrado um aumento similar com 143.509 pessoas em situação de rua em março — ante 140.543 em janeiro.
O levantamento é do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com base nos dados de pessoas em situação de rua registradas no CadÚnico.
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Segundo o levantamento, 84% das pessoas vivendo nas ruas são homens e 81% vivem com até R$ 108 por mês. Mais da metade (52%) não terminou o ensino fundamental ou nem tem escolaridade.
Os dados são divididos em três categorias pelo OBPopRua: estados com aumento, diminuição ou estabilidade na concentração de registros de pessoas em situação de rua no CadÚnico.
Apesar de ter o maior número de pessoas em situação de rua do Brasil, o cenário de São Paulo foi classificado como estável.
Para Luiz Kohara, secretário-executivo do Centro Gaspar de Direitos Humanos, o valor do aluguel na capital e os baixos salários são alguns dos fatores que explicam esse cenário.
“Só para dar exemplo, um quarto de cortiço hoje está R$ 900, e uma pessoa ou uma família ganha um salário mínimo. É muito comum a gente ver situações em que as pessoas ficam um, dois ou três meses, mas, quando tem uma despesa maior de remédio, não consegue se manter e volta para a situação de rua. Então, isso é muito comum, porque a renda é baixa e insuficiente para manter uma moradia”, explica Kohara.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que capital tem a maior rede socioassistencial da América Latina com mais de 26 mil vagas em 384 serviços de acolhimento. No ano passado, a administração investiu R$ 3 bilhões em programas de assistência social e segurança familiar.
Já a Secretaria de Desenvolvimento Social do governo de São Paulo informou que vem trabalhando de forma integrada com os municípios para reduzir esses números e que foram destinados mais de R$ 145 milhões para políticas assistenciais.
Pessoas em situação de rua debaixo do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, no Centro de São Paulo
NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO