Planeta gigante orbitando estrela morta é o mais frio já detectado

Um planeta a 81 anos-luz da Terra descoberto há cinco anos foi recentemente examinado pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA. As medições mostraram que ele é o exoplaneta mais frio já detectado.

Chamado WD 1856+534 b, esse mundo alienígena é um gigante gasoso que orbita uma anã branca – o remanescente de uma estrela parecida com o Sol depois que ela esgota seu combustível. Ela encolhe, fica muito densa e continua brilhando, mas não gera mais energia por fusão nuclear. Até então, não se sabia se planetas poderiam sobreviver tão próximos a estrelas que passaram por um processo tão violento.

WD 1856+534 b tem cerca de seis vezes a massa de Júpiter e é classificado como um “super-Júpiter”. Ele foi o primeiro planeta em trânsito (passando na frente da estrela do ponto de vista da Terra) confirmado em torno de uma anã branca. Esse tipo de detecção facilita a medição de suas características por telescópios avançados como o James Webb.

O super-Júpiter WD 1856+534 b é quase sete vezes maior do que a anã branca que ele orbita a cada 36 horas terrestres. Crédito: NASA / JPL-Caltech

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James Webb descobre temperatura atmosférica do planeta gelado

Disponível no repositório online de pré-impressão arXiv, onde aguarda revisão por pares, a pesquisa foi liderada por Mary Anne Limbach, da Universidade de Michigan, nos EUA, com apoio de cientistas de instituições como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Universidade Johns Hopkins, Universidade do Texas e outros centros internacionais. A equipe usou o Instrumento de Infravermelho Médio (MIR)I, do James Webb, que capta luz infravermelha e permite estudar diretamente a luz emitida pelo planeta, mesmo que fraca.

Essa técnica, chamada “imagem direta”, ajuda a identificar a composição da atmosfera de exoplanetas, por meio do que chamamos de espectroscopia. É possível detectar elementos como metano, vapor d’água ou oxigênio – que, no futuro, podem indicar até sinais de vida.

James Webb descobriu que o exoplaneta tem a temperatura média bem próxima à dos dias mais frios da Antártida.Crédito: Dima Zel – iStockPhotos

Neste caso, a temperatura medida foi de -87℃. Nunca antes um exoplaneta tão frio havia sido observado. Para comparação, é uma temperatura bem próxima à da Antártida em seus dias mais extremos.

O telescópio também confirmou que a massa de WD 1856+534 b é menor do que estimativas anteriores sugeriam. Antes, pensava-se que ele podia ter até 13 vezes a massa de Júpiter, mas os novos dados mostram que ela não ultrapassa seis vezes.

O fato de um planeta tão grande estar orbitando uma anã branca levanta muitas perguntas. Como ele sobreviveu à fase de morte da estrela? Ele sempre esteve nessa órbita ou foi puxado para perto depois? Essas são questões que os astrônomos ainda tentam responder.

Em entrevista ao site Space.com, Limbach disse que estudar planetas em torno de anãs brancas também ajuda a entender o destino de sistemas planetários como o nosso, após bilhões de anos. Os cientistas acreditam que alguns desses planetas podem manter condições estáveis por muito tempo, mesmo após a morte da estrela original.

Novas observações de WD 1856+534 b estão programadas para 2025. Os pesquisadores esperam encontrar outros planetas no mesmo sistema e entender melhor como esse gigante gelado foi parar tão perto de uma estrela morta.

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