“Minha mãe sabe que sou bandida e trafico”, diz paraense presa no Rio

A presença de mulheres jovens em posições de destaque no crime organizado tem chamado a atenção das autoridades, revelando uma nova dinâmica nas facções criminosas. No Pará, as organizações criminosas, como o Comando Vermelho, enviam seus integrantes – homens e mulheres – para um “vestibular” nos morros cariocas, onde passam por uma espécie de treinamento intensivo, apelidado de “universidade do crime”.

Esse processo, segundo informações do portal G1/Rio, prepara os membros para assumir papéis estratégicos, como o de Bianca Duarte Franco, de 24 anos, presa na última sexta-feira (2) em Cabo Frio (RJ) por integrar o Comando Vermelho.

Conhecida como Anya, Bianca ocupava um cargo equivalente ao de uma diretora de Recursos Humanos na facção, sendo responsável por cadastrar todos os integrantes do Comando Vermelho no Pará. A jovem, que se exibia nas redes sociais portando pistolas e debochando da polícia, foi capturada junto com Layane Tharlita Santos Santana e Kalita Eduarda Ataíde, que também responderão por tráfico de drogas e associação para o tráfico.

A prisão foi mantida pelo juiz Pedro Ivo Martins Caruso D’Ippolito, da 2ª Vara Criminal de São João de Meriti (RJ).

Bianca não escondia sua vida criminosa. Em um vídeo, ela afirmou: “Minha mãe sabe que eu sou bandida, sabe que eu trafico, sabe que eu ando armada”. Após receber uma mensagem alertando que a polícia do Pará a procurava, respondeu nas redes: “O mundo é dos espertos”.

Na sexta-feira, ao ser detida, ouviu do delegado Gustavo Fossati, da Delegacia de Repressão a Facções Criminosas da Polícia Civil do Pará, a mesma frase que publicara, em um tom de ironia: “Porque o mundo é dos espertos”. Surpresa, Bianca questionou se seria gravada, parecendo não acreditar que a polícia a havia superado.

Taxa do crime e “vestibular”

O delegado Fossati destacou ao G1/Rio que o Comando Vermelho não se limita mais ao tráfico de drogas. “Hoje, o Comando Vermelho busca o domínio territorial, que vai muito além do tráfico. No Pará, temos um grave problema com a extorsão a comerciantes, cobrando taxas altíssimas para que eles possam trabalhar. Isso é um problema nacional”, afirmou. No Rio, essa prática já é consolidada, com as facções controlando territórios e impondo taxas criminosas.

A ascensão de mulheres como Bianca, jovens e em cargos de liderança, reflete uma mudança no perfil das facções. Essas mulheres, muitas vezes com menos de 30 anos, assumem funções estratégicas, como logística, recrutamento e até gerenciamento financeiro, desafiando a ideia de que o crime organizado é exclusivamente masculino.

O “vestibular” nos morros cariocas, onde aprendem táticas de controle territorial e operação criminosa, é um indicativo de como as facções do Pará estão se profissionalizando, importando o modelo do Rio de Janeiro. Esse treinamento intensivo, segundo o G1/Rio, transforma jovens em peças-chave de uma engrenagem criminosa que lucra com tráfico, extorsão e outras atividades ilícitas.

A prisão de Bianca Duarte Franco expõe não apenas a ousadia de uma nova geração de criminosos, mas também a necessidade de estratégias policiais mais robustas para combater a expansão das facções. A presença de mulheres em papéis de comando, aliada à formação estruturada no crime, sinaliza que o enfrentamento a essas organizações exige ações integradas entre estados, já que o problema transcende fronteiras regionais.

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