Júpiter tem cristais de amônia do tamanho de bolas de tênis – entenda

Uma nova pesquisa demonstrou que as tormentas em Júpiter têm granizo com cristas do tamanho de uma bola de tênis. Os cientistas as nomearam de “mushballs”. Elas se formam em tempestades violentas na atmosfera do gigante gasoso e são ricas em amônia, um elemento que intrigava os astrônomos até agora.

Dados da sonda Juno da NASA e de telescópios de rádio na Terra revelaram grandes áreas com falta de amônia no gigante gasoso. Elas chegam a 150 quilômetros de profundidade e nenhum mecanismo conhecido poderia explicá-las.

O grupo de pesquisa analisou uma tempestade massiva de 2017. Eles descobriram evidências que colocam as tormentas intensas de Júpiter como a chave para o enigma da falta de amônia. Também demonstraram que as tempestades locais podem retirar o elemento da atmosfera superior e mergulhá-lo profundamente.

Grande mancha vermelha Júpiter
A Grande Mancha Vermelha, maior tempestade de Júpiter, é tão grande que a Terra caberia dentro dela. (Imagem: NASA)

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Atmosfera densa de Júpiter era um desafio

A densa camada de nuvens que cobre Júpiter dificulta a observação dos cientistas do que acontece abaixo dos gases turbulentos. Os cristais de amônia podem desempenhar o papel de marcadores para os pesquisadores, revelando padrões e processos que ocorrem nas profundezas da atmosfera do gigante gasoso.

Em 2020, outro grupo teorizou como as tempestades formariam as mushballs:

  • As fortes tormentas geram correntes ascendentes, que elevam as partículas de gelo ricas em amônia.
  • Em grandes altitudes, elas se combinam com água e formam um líquido lamacento, que logo congela.
  • Assim, elas crescem acumulando camadas de gelo até o tamanho próximo de uma bola de tênis e mergulham para as profundezas da atmosfera.

Segundo essa teoria, o processo deixava regiões superiores de Júpiter desprovidas de amônia e água. O que responderia o enigma da falta desses compostos.

Estrutura interna de Júpiter
A camada de nuvens de Júpiter tem 50 km de profundidade. (Imagem: Vadim Sadovski / Shutterstock)

Sonda da NASA detectou as mushballs

O novo estudo confirmou o processo com base em observações da sonda Juno, da NASA. Ela passou por uma região de tempestade ativa e suas ferramentas mostraram uma maior concentração de amônia e água abaixo da nuvem de tormenta.

“Essas observações, auxiliadas por simulações, mostram que os ciclos da água e da amônia estão acoplados e que seu efeito combinado desempenha um papel fundamental na explicação do esgotamento da amônia nas troposferas de Júpiter”, escreveu a equipe no artigo.

A equipe detectou um sinal profundo, abaixo das nuvens. Ele persistiu mesmo após um mês do início da tormenta, o que só poderia ser explicado por uma queda de temperatura seguida  do derretimento do gelo ou um aumento da concentração de amônia, o que ocorreria caso as mushballs estivessem derretendo.

“Ambas as teorias me levaram à mesma conclusão — o único mecanismo conhecido eram essas mushballs”, disse Chris Moeckel, pesquisador participante do artigo, ao site Live Science.

A equipe suspeita que Júpiter não seja o único nesse processo. Gases como amônia são absorvidos por planetas em formação e geralmente circulam em atmosferas de gigantes gasosos, podendo estar formando mushballs em outros locais do Universo.

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