Caravana presidencial decola lotada, nesta terça-feira (6), com destino à Rússia e China

Despesas com viagens totalizaram R$ 789,1 milhões de janeiro a março de 2025; alta real é de 29,1%, como nunca antes na história desse país

Brasília – Antes de o Aerolula decolar na noite desta terça-feira (6), para mais uma “caravana do Lula 3.0” — desta vez com destino à Rússia e à China, lotado de políticos cuja agenda é desconhecida —, relatório do Tesouro Nacional divulgado na segunda-feira (5) revela que “nunca antes na história desse país” se gastou tanto com a rubrica viagens e diárias internacionais como neste governo.

Outro ineditismo na história da diplomacia mundial é uma primeira-dama — um cargo protocolar de cunho meramente social — chegar com antecedência de quatro dias ao país que o chefe de Estado visitará, em avião da FAB, a um custo de dezenas de milhares de reais. Pois é exatamente isso que a senhora Janja da Silva está protagonizando: um inédito constrangimento diplomático internacional, em agenda turística que deveria ser paga com recursos próprios, uma vez que é de interesse puramente pessoal. Mas, sob Lula, nada disso é contestado — quer pelos órgãos de controle dos gastos públicos, muito menos pela Suprema Corte do país, o STF, que não dá um pio sobre o assunto. Entretanto, se fosse no governo passado, “o mundo cairia”.

Além de o pagador de impostos não ter qualquer ideia do resultado real de tantas viagens internacionais com todas as mordomias que isso envolve, a conta já foi apresentada para ser paga. De acordo com o relatório do Tesouro Nacional — que não foi censurado como o famigerado “segredo de gastos presidenciais” válidos por cem anos (um século), criado sob a justificativa de assunto de segurança nacional —, a pancada nas contas públicas é alta.

As despesas da União com diárias, passagens e locomoção somaram R$ 789,1 milhões no 1º trimestre de 2025, sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A alta real — descontada a inflação — foi de 29,1% ante o mesmo período de 2024, quando os gastos totalizaram R$ 611 milhões.

O valor registrado nos três primeiros meses de 2025 é o maior da série histórica, iniciada em 2011. Os dados são do Tesouro Nacional e estão disponíveis no relatório do resultado primário de março de 2025.

Apenas nos três primeiros meses do ano, o presidente Lula e sua gigantesca comitiva ficaram sete dias fora do país em viagens ao Japão e ao Vietnã, em março. Desde o início do terceiro mandato do ex-líder sindical, a partir de 2023, Lula esteve 96 dias ausente do país em viagens internacionais.

Só com diárias, o governo Lula gastou R$ 449,1 milhões de janeiro a março de 2025. O valor representa uma alta de 26,1% em relação ao mesmo período de 2024 e supera o recorde anterior, registrado em 2014, sob a presidência de Dilma Rousseff (PT): R$ 417,5 milhões.

Já com passagens e locomoção, o custeio atingiu R$ 340 milhões no 1º trimestre deste ano — alta de 33,4% em relação ao mesmo período de 2024. Ficou acima do patamar anterior, também sob Dilma (R$ 311,3 milhões).

Lula x Bolsonaro

A despesa com viagens sob a presidência de Lula totalizou R$ 2 bilhões nos três primeiros meses de 2023, 2024 e 2025. É 52,1% maior que a quantia paga durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), com R$ 1,3 bilhão.

Só do 1º trimestre de 2022 para 2023, na passagem de Bolsonaro para Lula, houve uma alta de 85,7%. Os dados mostram uma trajetória crescente dos gastos com diárias e passagens aéreas sob o petista.

Parte disso se explica pelo aumento no número de ministérios: de 23 para 38. A consequência é haver mais custos.

Pandemia e motociatas

As restrições a viagens e a queda nos deslocamentos resultaram em menos gastos sob Bolsonaro. O menor valor se deu no 1º trimestre de 2021, com R$ 195,3 milhões.

Os gastos cresceram 59,2% de janeiro a março de 2022, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Entretanto, se Bolsonaro economizou em viagens internacionais devido à pandemia da Covid-19 — quando foram proibidas aglomerações pelo STF, que delegou a governos estaduais e municipais os decretos de fechamento do comércio —, o ex-presidente gastou centenas de milhões de reais em “motociatas” em várias regiões do país, ao custo médio de R$ 100 mil cada, pagas por meio do cartão corporativo do governo federal.

Os dois presidentes populistas têm algo em comum que os aproxima: são perdulários, embora estejam em polos políticos contrários.

Rússia e China

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levará ministros e autoridades durante a passagem pela Rússia e pela China neste início de maio. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), irá com o chefe do Executivo a ambos os países.

Ministros já confirmaram presença, como Alexandre Silveira (Minas e Energia). Ele cuida de uma área relacionada às duas nações visitadas:

  • Rússia: o principal produto importado pelo Brasil é o óleo combustível de petróleo (exceto o material bruto), com US$ 6 bilhões em 2024;
  • China: comprou US$ 19 bilhões em petróleo bruto do Brasil durante o ano, segundo dados do governo.

Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) também acompanhará Lula durante toda a viagem.

Outras autoridades ficarão só em um país. É o caso da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que vai apenas para a China. Ela é o principal nome confirmado da equipe econômica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não deve viajar com Lula.

A primeira-dama, Janja da Silva, já está na Rússia. Saiu do Brasil quatro dias antes do marido. A assessoria informou que ela teria compromissos com a comunidade brasileira no país, mas a primeira-dama não tem qualquer cargo que justifique essa antecipação de viagem, exceto sua vontade de fazer turismo às custas do dinheiro público.

A lista oficial da comitiva de Lula ainda não foi divulgada. Pode ser muito maior.

Toda essa despesa na viagem à Rússia é para Lula participar do 80º aniversário do Dia da Vitória, que marca a conquista dos Aliados contra a Alemanha nazista na 2ª Guerra Mundial.

A visita foi um convite do presidente russo, Vladimir Putin. Na capital, estão previstas reuniões entre os dois chefes de Estado. O brasileiro deve tentar usar a ocasião para falar sobre a guerra contra a Ucrânia.

O petista busca se posicionar como mediador da paz mundial desde o início de seu 3º mandato. Comenta frequentemente sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, bem como a do Oriente Médio, entre Israel e o grupo extremista Hamas.

Na contramão, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que Lula não é mais relevante no cenário internacional para mediar o fim do conflito com a Rússia. O Brasil e a China apresentaram, em maio de 2024, uma proposta de paz defendendo uma “resolução pacífica”, que não teve efeito prático.

No giro Europa-Ásia, Lula seguirá para a China no sábado (10). Ele participará do encontro da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) com o país asiático.

O ponto alto da viagem será a reunião bilateral com o presidente chinês, Xi Jinping. A visita ocorre durante a guerra comercial com os Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump (Partido Republicano).

Em resposta às decisões do presidente norte-americano, a China começou discretamente a isentar alguns produtos dos EUA de tarifas que cobrem cerca de US$ 40 bilhões em importações, no que parece um esforço para suavizar os efeitos da guerra comercial sobre sua própria economia.

É a segunda vez que Lula vai à China no 3º mandato. O presidente esteve lá em 2023, quando também se reuniu com Xi Jinping.

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