Satélite flagra formação enigmática girando no Mar Báltico

Um fenômeno intrigante foi flagrado por imagens de satélite no Mar Báltico. Redemoinhos misteriosos surgiram na superfície da água, chamando a atenção dos cientistas. As manchas giratórias, que pareciam pinturas abstratas vistas do espaço, apareceram na região do Golfo de Gdańsk, na costa norte do país.

Essas formações escuras e sinuosas foram captadas pelo satélite Sentinel-2A, da Agência Espacial Europeia (ESA), no dia 16 de maio de 2018. Para realçar os detalhes, a imagem foi alterada digitalmente com cores falsas. Isso permite que diferentes tipos de luz refletida por materiais orgânicos se destaquem na foto.

Imagem de satélite mostra substância misteriosa girando na superfície do Mar Báltico. Crédito: ESA/Copernicus

Em poucas palavras:

  • Satélites detectaram redemoinhos misteriosos no Mar Báltico, perto do Golfo de Gdańsk;
  • Primeiro, pensou-se que as manchas eram algas ou substâncias de plânctons;
  • Tais hipóteses foram descartadas;
  • Em 2023, descobriu-se que as manchas coincidem com a liberação de pólen dos pinheiros, comuns na Polônia;
  • O pólen se acumula na água e forma padrões visíveis, afetando o ecossistema marinho.

Desde o ano 2000, manchas semelhantes têm sido observadas na mesma área. Elas aparecem em épocas específicas, mas os cientistas não conseguiam identificar sua composição. A primeira suspeita era de que fossem florações de algas, comuns em mares e lagos com muitos nutrientes.

No entanto, esse tipo de alga costuma ser visível a olho nu e surge mais cedo no ano. As manchas do Báltico não seguiam esse padrão. Outra hipótese era o chamado “ranho do mar” – uma substância viscosa produzida por plânctons. Mas os moradores da região nunca relataram ocorrências desse tipo, o que levantou dúvidas sobre essa explicação.

Redemoinhos no Mar Báltico são causados por pólen de pinheiros

A verdadeira resposta só veio em 2023, quando pesquisadores analisaram imagens dos satélites Terra e Aqua, da NASA. Eles notaram que as manchas sempre apareciam entre maio e junho, coincidindo com o período de liberação de pólen pelos pinheiros. Isso levou à hipótese de que o pólen estaria se acumulando na água.

Esses pinheiros, de nome científico Pinus sylvestris, são as árvores mais comuns da Polônia, representando cerca de 60% das florestas do país. Como o vento pode carregar grandes quantidades de pólen, ele acaba sendo levado até o mar e formando as manchas giratórias que os satélites captaram.

Pinheiros silvestres coníferos da espécie Pinus sylvestris na costa do Mar Báltico, na Polônia. Crédito: Dariusz Leszczynski – Shutterstock

Com base em testes de luz refletida, os cientistas confirmaram que a substância observada na água era mesmo pólen. O material orgânico se espalha pela superfície, formando padrões visíveis e se movimentando com as correntes marítimas e o vento.

O acúmulo de pólen no oceano não é um fenômeno novo, mas os pesquisadores não sabiam que isso acontecia de forma tão extensa. O estudo de 2023 foi o primeiro a mostrar como essas nuvens de pólen se comportam no mar, especialmente em uma região tão próxima à costa.

Segundo os cientistas, o pólen tem alto teor de carbono orgânico, o que pode influenciar o ecossistema marinho. Microrganismos podem se alimentar desse material, podendo alterar cadeias alimentares e até afetar a pesca. Monitorar essas manchas ajuda a entender melhor esses impactos.

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Manchas representam conexão entre as florestas e o oceano

Em um comunicado, Chuanmin Hu, oceanógrafo da Universidade do Sul da Flórida e líder da pesquisa, afirmou que “se pudermos rastrear a agregação de pólen em diferentes lugares, isso pode fornecer dados úteis para estudos de pesca”. É uma forma de conectar o que acontece nas florestas com o que ocorre no oceano.

Além disso, as mudanças climáticas podem estar aumentando a quantidade de pólen que chega aos mares. Um estudo feito na América do Norte mostrou que, entre 1990 e 2018, a quantidade anual de pólen cresceu 21%, e a temporada de liberação ficou cerca de 20 dias mais longa.

Esse aumento está ligado ao excesso de dióxido de carbono na atmosfera, que faz com que as plantas produzam mais pólen. Com isso, é possível que as manchas de pólen nos oceanos se tornem cada vez mais frequentes e importantes para a ciência.

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