ALARMANTE – Brasil estagnou na ignorância: 29% da população é analfabeta funcional

Um em cada três brasileiros é incapaz de compreender textos simples ou realizar cálculos básicos, diz pesquisa

Um levantamento devastador divulgado nesta segunda-feira, 5 de maio, escancara uma realidade alarmante: 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais, incapazes de compreender textos simples ou realizar cálculos básicos. Os números do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), coordenado pela Ação Educativa e Conhecimento Social, com apoio de fundações e organismos internacionais, são mais do que estatísticas — são um grito de alerta sobre a estagnação de um país refém de suas elites e de um sistema político que perpetua a desigualdade.

O estudo, que entrevistou 2.554 pessoas em todo o Brasil com uma margem de erro de dois a três pontos percentuais, revela que 7% da população nessa faixa etária é analfabeta absoluta, incapaz até de decifrar um número de telefone. Outros 22% estão no nível rudimentar, conseguindo ler e escrever, mas tropeçando em textos mais longos ou contas um pouco mais complexas.

Juntos, esses grupos formam quase um terço da nação — um retrato de uma sociedade paralisada na ignorância, onde a educação, pilar de qualquer transformação, permanece como promessa vazia.

Os dados são ainda mais chocantes ao mostrar que a taxa de analfabetismo funcional está congelada desde 2018. “Estamos diante de uma estagnação gravíssima”, alerta Ana Lima, coordenadora do estudo. Segundo ela, a ampliação do acesso à educação básica nas últimas décadas reduziu o analfabetismo absoluto, mas a qualidade do ensino continua sendo um obstáculo intransponível.

Diplomas sem conhecimento

Prova disso é que 17% dos concluintes do ensino médio e, pasmem, 12% dos que completaram o ensino superior ainda estão presos ao analfabetismo funcional. Esses números não apenas envergonham, mas também expõem a falência de um sistema educacional que entrega diplomas sem garantir conhecimento.

A pandemia de Covid-19, embora tenha agravado o cenário, não pode ser usada como desculpa. “O problema é estrutural”, sentencia Ana Lima. A baixa qualidade do ensino, aliada ao esvaziamento de programas como a Educação de Jovens e Adultos (EJA), deixa gerações inteiras à deriva.

Hoje, o desafio inclui adolescentes de 16 e 17 anos que saem da escola sem dominar habilidades básicas de leitura e escrita — uma tragédia silenciosa que compromete o futuro do país.

Elites e manipulação das massas

Por trás desses números estarrecedores, há um jogo político cruel. As elites, estejam elas no governo, na oposição ou nos corredores do poder econômico, mantêm-se intocáveis enquanto manipulam as massas com discursos de mudança que nunca se materializam. Promessas de “revolução educacional” ou “inclusão social” são repetidas eleição após eleição, mas o resultado é sempre o mesmo: o abismo entre ricos e pobres — ou, mais precisamente, entre ricos e miseráveis — só aumenta.

Um povo incapaz de interpretar um texto ou entender uma conta básica é um povo vulnerável, facilmente manipulado por narrativas populistas e desinformação.

O Inaf também jogou luz sobre a exclusão digital, um novo capítulo dessa tragédia. Pela primeira vez, o estudo avaliou o alfabetismo no contexto digital, constatando que 25% dos brasileiros têm baixo desempenho em atividades online.

Para os analfabetos funcionais, a vulnerabilidade no ambiente digital é ainda maior, limitando o acesso a direitos básicos, como serviços públicos ou informações confiáveis. Em um mundo cada vez mais conectado, essa exclusão é uma sentença de marginalização.

Um chamado à ação

Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, co-realizadora do estudo, não mede palavras: “O momento é gravíssimo”. Ele aponta que apenas 10% da população brasileira é plenamente proficiente em leitura, escrita e matemática — um dado que deveria mobilizar o país. Saron propõe um pacto nacional pela matemática, unindo governo, iniciativa privada e sociedade civil, como um passo para reverter esse quadro e garantir cidadania e inclusão produtiva aos jovens.

Mas a solução exige mais do que pactos. Exige romper com a lógica perversa que mantém o Brasil como uma nação de contrastes, onde uma minoria privilegiada prospera às custas da ignorância da maioria. Enquanto as elites continuarem a lucrar com a estagnação, o Brasil seguirá preso a um ciclo de promessas vazias e desigualdades abissais.

Os números do Inaf não são apenas espantosos — são um chamado urgente para que o país encare sua própria vergonha e lute por um futuro que, até agora, só existe no discurso.

A METODOLOGIA DO ESTUDO, VEJA A ÍNTEGRA

Metodologia

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