Círculos de pedra na Escócia revelam população humana mais antiga do que sabíamos

Até recentemente, a falta de evidências claras fazia pesquisadores acreditarem que não havia população humana na Escócia antes do Holoceno, que começou há cerca de 11.700 anos. Humanos passaram por lá, mas o clima inóspito teria permitido apenas visitas, não o estabelecimento de uma população sustentável.

As evidências acabaram de aparecer: círculos de pedra e ferramentas foram descobertos na Ilha de Skye, indicando que indivíduos da Idade da Pedra Antiga chegaram até lá.

Artefatos de pedra e argila ajudaram a reconhecer icupação humana na região (Imagem: Karen Hardy/Reprodução)

Migração humana chegou até a Escócia

Um estudo publicado no final de abril no Journal of Quaternary Science encontrou ferramentas e estruturas de pedra circulares na Ilha de Skye, na extremidade noroeste da Escócia.

Segundo o Science Alert, até agora não haviam evidências claras que indicassem uma população humana na região antes do Holoceno. Outros artefatos já foram encontrados por lá, mas eles não necessiaramente indicavam uma ocupação – possivelmente, apenas visitas.

A pesquisa muda essa compreensão, sugerindo que os humanos chegaram e se estabeleceram por lá muito antes do que sabíamos.

Observação áerea dos círculos de pedra, realizados por drones (Imagem: Hardy et al., J. Quaternary Sci., 2025)

Veja alguns dos achados do estudo:

  • A equipe internacional de arqueólos que conduziu o estudo encontrou uma coleção de ferramentas e círculos de pedra na Ilha de Skye, nos últimos oito anos;
  • Algumas das ferramentas eram de argila cozida, com características complexas que se assemelham a artefatos encontrados em outras partes da Escócia e Europa continental (principalmente da cultura Ahrensburg, uma cidade na Alemanha). No entanto, elas nunca haviam sido encontradas tão ao norte do país;
  • A equipe também encontrou vários círculos de pedra medindo entre 3 e 5 metros, em uma planície no centro da ilha que, há milhares de anos, ficava acima do nível do mar;
  • Atualmente, esses círculos só ficam visíveis por cerca de duas a três horas no ano, durante a maré da primavera. Para visualizá-los, os pesquisadores tiveram que mergulhar com snorkel.

Mesmo durante a maré da primavera, quando é possível visualizar os círculos, a escavação do local é complicada e dificultou a datação dos sedimentos. Nenhum material encontrado pode ser analisado com datação por radiocarbono, então o momento exato em que a população humana residiu por lá é desconhecido.

Outras pistas ajudaram a chegar nessa conclusão. Primeiro, a quantidade de achados de cozinha “indica uma população de tamanho razoável ou uma ocupação de longo prazo”. Segundo, modelos climáticos indicaram que a planície estava acima do nível do mar há cerca de 11 mil anos. Ou seja, os círculos cobertos por água são anteriores a isso.

Além disso, outros círculos de pedra semelhantes foram encontrados do outro lado do mar, na Noruega. A datação por radiocarbono indicou que eles têm entre 10.400 e 11 mil anos.

Ilha de Skye fica a noroeste da Escócia (Imagem: Google Maps)

Como essa população chegou até a ilha?

Especialistas discordam sobre o momento do surgimento e desaparecimento dessa população. Alguns sugerem que ela existiu há apenas 10.500 anos.

Outra questão é como essa população chegou na ilha. Atualmente, a Ilha de Skye está conectada ao continente por uma ponte artificial. Já no Paleolítico Superior, pode ter havido uma ponte natural de terra ou gelo causada pela movimentação do próprio gelo. Ou a região poderia ter sido acessada a pé durante as marés de primavera, na Idade da Pedra. No entanto, nessa época, o local teria um clima muito frio e inóspito, o que poderia dificultar a sobrevivência.

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Para os autores do estudo, os primeiros humanos na região teriam chegado até lá depois que as camadas de gelo já estavam recuando. Eles provavelmente teriam seguido rebanhos de animais viajando pelo norte, até chegar na Escócia. Um exemplo dessa teoria está nas Estradas Paralelas de Glen Roy, um antigo conjunto de terraços de lago formados durante o período glacial.

Como não há uma datação de radiocarbono confiável e precisa, a própria equipe admite que não é possível pontuar essas questões.

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