A fusão é uma alternativa de energia limpa em ascensão nos Estados Unidos, mas poucas empresas realmente conseguiram colocar isso em prática. A Realta Fusion quer ser uma delas: a startup levantou US$ 36 milhões em uma rodada de financiamento e espera usá-los para finalizar seu projeto de reator de fusão.
A companhia ainda precisa arrecadar mais alguns milhões em uma próxima rodada, destinada especificamente para a construção do protótipo do reator. As expectativas são altas, mas os desafios também.

Reator de fusão nuclear mais perto da realidade
A Realta Fusion levantou US$ 9 milhões (pouco mais de R$ 50,4 milhões) em uma primeira rodada de investimentos liderada pela Khosla Ventures. O valor foi suficiente para acionar um par de ímãs e estabelecer o recorde para um campo magnético confinando plasma (vamos explicar sobre o processo abaixo).
A segunda rodada foi liderada pela Future Ventures, com participação de outros investidores, e arrecadou US$ 36 milhões (mais de R$ 200 milhões). Agora, a intenção é finalizar o projeto do Anvil, o reator de fusão da empresa.
A Realta ainda espera realizar uma terceira rodada, com arrecadação suficiente para, por fim, construir o protótipo da estrutura.
Entenda como vai funcionar o reator de fusão da startup:
- O conceito é conhecido como espelho magnético. Nele, o plasma é confinando em um recipiente simétrico, com ímãs poderosos em cada uma das extremidades;
- Esses ímãs comprimem as partículas de alta energia do plasma, empurrando-as de volta para o centro;
- Conforme elas são empurradas para o centro, os campos magnéticos se expandem e formam um cilíndro no meio;
- Esse processo atinge uma temperatura absurdamente alta por tempo suficiente para que as partículas comecem a se fundir e liberar energia. É essa a energia que vem do reator de fusão.
Veja uma demonstração de como funciona:
Fusão surgiu como fonte de energia limpa
A ideia da fusão surgiu há muito tempo como uma alternativa de energia limpa nos Estados Unidos. No entanto, segundo o TechCrunch, apenas um experimento conseguiu atingir o ponto de equilíbrio científico (conceito que descreve a quantidade de energia esperada das reações de fusão). Ou seja, tudo ainda está em estágios iniciais – bem longe da implementação comercial.
Mesmo assim, o mercado está caminhando e espera viabilizar uma usina comercial já na próxima década.

A Realta é uma das empresas com essa expectativa: ela espera construir usinas de fusão por preços incrivelmente baixos, capazes de fornecer energia a US$ 100 por megawatt-hora (inicialmente), e diminuir esse valor para US$ 40 conforme a tecnologia avança. Para se ter uma ideia, dados da Lazard estimam que as usinas de gás natural mais eficientes custam entre US$ 45 e US$ 105 por megawatt-hora para serem construídas e operadas. Ou seja, a startup está bastante otimista.
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No entanto, ainda falta mostrar que isso é possível e, principalmente, viável comercialmente. Incentivos não faltarão, já que, conforme a demanda por energia aumenta (principalmente com a construção de novos data centers), aumenta também a procura por fontes de energia limpa.
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