
Um juiz da Califórnia decidiu reduzir as penas dos irmãos Erik e Lyle Menendez de prisão perpétua para pelo menos 50 anos de cadeia, o que ainda cabe recurso para condicional. Os irmãos, agora, podem sair em liberdade, depois de 35 anos presos, segundo a Associated Press. “Não estou dizendo que eles devem ser soltos – isso não cabe a mim decidir. Acredito que já fizeram o suficiente nesses 35 anos presos para merecer uma chance”, disse o juiz Michael Jesic para agências internacionais.
Com isso, os irmãos se tornam elegíveis para uma lei da Califórnia que beneficia jovens infratores. Como eles cometeram o crime antes dos 26 anos, eles podem ter liberdade condicional, conforme a lei. A decisão, porém, cabe a junta estadual de liberdade condicional. Os promotores, segundo o magistrado, terão que provar que a dupla ainda representa risco de cometer crimes violentos, caso sejam soltos.
Já os advogados dos irmãos precisam provar que eles se reabilitaram na prisão e merecem a nova pena. Ao menos sete familiares deles devem testemunhar nas próximas audiências. A dupla foi condenada em 1994 após o assassinato dos pais, em 1989. A defesa alega que eles agiram em legítima defesa. O crime aconteceu na mansão da família em Beverly Hills, em 1989. Na época os irmãos tinham 21 e 18 anos.
O que o ex-menudo Roy tem de ligação com o processo? Aos 14 anos, o músico relata ter sido entregue como objeto ao empresário José Menendez, pai dos irmãos presos há 35 anos. Na época, José Menendez, era um empresário magnata do mundo fonográfico, inclusive por impulsionar a carreira da boy band “Menudo“. Roy relata que a violência sexual ocorreu na mesma semana em que o grupo porto-riquenho assinou o seu primeiro contrato com a gravadora RCA.
Menendez era vice-presidente da empresa e cuidava dos artistas latinos. “No dia do estupro, Edgardo não se opôs quando José Menendez insistiu para eu tomar a taça de vinho, eu só tinha 14 anos. Menendez foi insistente, me pressionando até eu beber tudo”, narrou Roy na época.
O ex-Menudo chegou a testemunhar, no documentário de 2023, detalhes do dia seguinte ao estupro. “Quando falei para Edgardo que eu não parava de sangrar, ele não deu a menor atenção e normalizou a situação. Esse processo de compreensão foi muito mais longo do que eu imaginava. Envolveu uma jornada interna, tanto mental quanto espiritual, que durou décadas. Superar isso não foi fácil, mas foi necessário para que eu pudesse seguir em frente, me curar e encontrar paz interior”. Os relatos de Roy, de certa forma, contribuíram para a defesa dos irmãos assassinos. A defesa, que alega legítima defesa, disse em processo que os filhos também eram abusados pelo pai.
Os irmãos Menendez foram condenados em 1996 à prisão perpétua sem possibilidade de condicional pelo assassinato do pai, José Menendez, e da mãe, Kitty Menendez.