Na Noruega, é bem comum o aparecimento de auroras – luzes coloridas que “dançam” no céu quando partículas solares atingem a atmosfera da Terra. Agora, um fenômeno semelhante foi registrado em Marte, de forma inédita. Pela primeira vez, cientistas observaram uma aurora verde visível no céu marciano, captada a partir da superfície do planeta, em março de 2024, pelo rover Perseverance, da NASA.
Um artigo publicado nesta quarta-feira (14) na revista Science Advances, liderado pela física atmosférica norueguesa Elise Wright Knutsen, da Universidade de Oslo, relata o feito e as implicações da descoberta.
Até então, todas as auroras observadas em Marte haviam sido registradas por espaçonaves em órbita e apenas em luz ultravioleta – que é invisível aos olhos humanos. O fenômeno nunca antes tinha sido visto diretamente da superfície do planeta.

Auroras em Marte nunca tinham sido captadas em luz visível
Auroras são criadas quando partículas solares carregadas colidem com gases da atmosfera de um planeta. Na Terra, esse fenômeno ocorre com frequência nos polos e forma luzes geralmente verdes, azuis ou roxas. Em Marte, os átomos de oxigênio da atmosfera podem emitir luz verde quando atingidos por essas partículas – efeito nunca antes observado a olho nu.
Em 15 de março de 2024, o Sol lançou uma ejeção de massa coronal (CME), ou seja, uma enorme nuvem de partículas energéticas. Os cientistas calcularam que o material atingiria Marte três dias depois. Com base nessa previsão, a equipe de Knutsen programou o rover Perseverance para olhar para cima no momento certo. E funcionou: o equipamento registrou uma aurora verde no céu marciano.
A surpresa foi grande, já que muitos especialistas acreditavam que apenas sondas espaciais em órbita conseguiriam observar as auroras de Marte, e somente em frequências invisíveis.

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O Perseverance foi projetado para investigar o solo marciano e buscar sinais de vida microbiana antiga no planeta. No entanto, Knutsen teve a ideia de usar as câmeras do robô para estudar o céu. A câmera Mastcam-Z poderia detectar luz verde, enquanto a SuperCam analisaria a composição química dessa luz, confirmando se vinha mesmo de uma aurora.
A equipe começou os testes em maio de 2023, esperando por uma grande tempestade solar. Após várias tentativas sem sucesso, a explosão de março do ano passado trouxe o resultado esperado. Quando os dados foram baixados e analisados, Knutsen viu a imagem: um céu escuro com um brilho verde suave no horizonte.
Além de ser um marco visual, a descoberta oferece uma nova forma de estudar o clima espacial e os efeitos das tempestades solares em Marte. Esses eventos podem representar risco para astronautas e equipamentos no futuro. Mas, para Knutsen e sua equipe, o principal agora é a alegria de ter finalmente visto a aurora verde marciana. “E aconteceu no meu aniversário”, contou ela ao jornal The New York Times. “Foi um ótimo dia.”
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