Idosa nega lanche para mendigo em rua, é empurrada e morre atropelada

Manaus foi palco de uma tragédia que chocou os moradores do bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste, na noite desta quinta-feira, 15. Joana de Souza de Lira, uma comerciante de 63 anos, teve sua vida interrompida de forma brutal após ser empurrada para a avenida Hilário Gurjão por um homem em situação de rua, identificado como Valdeilson dos Reis Lima, de 47 anos.

Segundo a Polícia Militar, o motivo do crime teria sido a recusa de Joana em dar um lanche ao mendigo. O momento exato do atropelamento, que resultou na morte da idosa, foi capturado por uma câmera de segurança de um comércio local, e as imagens, de forte impacto, revelam a crueldade do ocorrido.

As imagens da câmera de segurança mostram Joana caminhando pelo meio-fio, carregando sacos de lixo, aparentemente alheia ao perigo. Valdeilson, que a observava, aproveitou um momento de distração da idosa e a empurrou com força para a via pública. Joana caiu desamparada na pista e, em questão de segundos, foi atingida por um carro branco que passou por cima de seu corpo.

O motorista, cuja identidade permanece desconhecida até a manhã desta sexta-feira (16), fugiu sem prestar socorro, deixando a vítima sem chance de sobrevivência. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas apenas constatou o óbito no local.

A brutalidade do ato chocou a comunidade, e a revolta dos moradores foi imediata. Valdeilson foi capturado por populares, amarrado a um poste e agredido antes que a 30ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) interviesse para cessar as agressões.

Não há informações sobre prisões relacionadas ao linchamento, mas o suspeito, que sofreu ferimentos leves, foi levado ao Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo. Após receber alta, ele foi encaminhado à Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), onde prestou depoimento.

Investigação em andamento

A Delegacia Especializada em Acidentes de Trânsito (Deat) assumiu o caso para investigar as circunstâncias do atropelamento e localizar o motorista do veículo envolvido. Paralelamente, a DEHS apura a conduta de Valdeilson, que pode responder por homicídio, considerando a intencionalidade do ato que levou à morte de Joana. A polícia também analisa as imagens de segurança para esclarecer detalhes do crime e identificar possíveis testemunhas.

O caso de Joana de Souza de Lira expõe camadas complexas de problemas sociais em Manaus. A Avenida Hilário Gurjão, conhecida como “Rua do Fuxico”, é uma artéria comercial movimentada, mas também marcada por insegurança. Reportagens anteriores já destacaram a contratação de seguranças privados por comerciantes devido à onda de assaltos na região.

A presença de pessoas em situação de rua, como Valdeilson, muitas vezes reflete a ausência de políticas públicas eficazes para acolhimento e reintegração social, o que pode culminar em conflitos trágicos como este.

A recusa de um lanche, apontada como motivação do crime, levanta questionamentos sobre a escalada de violência em interações cotidianas. Joana, uma comerciante conhecida na comunidade, tornou-se vítima de um ato impulsivo que, segundo especialistas, pode ser agravado por condições de vulnerabilidade social, como a fome e a marginalização.

“É uma tragédia que reflete a fragilidade das relações em espaços urbanos onde a desigualdade é gritante”, comenta a socióloga Ana Ribeiro, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). “A falta de suporte para pessoas em situação de rua e a insegurança nas ruas criam um caldo perigoso.” Fontes consultadas: G1AM e Polícia Militar do Amazonas.

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