Nos últimos meses, histórias de personalidades como a modelo Vera Viel, de 49 anos, e a influenciadora digital Isabel Veloso, de apenas 18, reacenderam o interesse do público sobre o que significa estar em remissão do câncer. As duas compartilharam suas jornadas nas redes sociais, celebrando a remissão, mas também esclarecendo que o termo não equivale, necessariamente, à cura. Casos como esses, que misturam esperança e cautela, levantam uma questão central: o que, de fato, é a remissão do câncer, e como ela se relaciona com a possibilidade de cura?
De acordo com o dr. Ramon Andrade de Mello, oncologista do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, a remissão ocorre quando os sinais e sintomas do câncer diminuem significativamente ou desaparecem. “Em termos simples, a remissão pode ser parcial ou completa, temporária ou permanente”, explica o especialista.
Na remissão parcial, o tamanho do tumor ou a extensão da doença no corpo é reduzido, muitas vezes acompanhado de alívio dos sintomas. Já a remissão completa é marcada pelo desaparecimento de todos os sinais detectáveis da doença, seja em exames de imagem, laboratoriais ou físicos. Contudo, o médico alerta: “Remissão completa não é sinônimo de cura. Algumas células cancerosas podem permanecer no organismo, mesmo sem serem detectadas.”
Para Isabel Veloso, que enfrentou um linfoma de Hodgkin em estágio avançado, a remissão é um marco. “Para falar em cura, preciso estar cinco anos sem nenhum sinal da doença”, compartilhou a jovem em suas redes sociais. Vera Viel, diagnosticada com câncer de tireoide em 2023, também celebrou a continuidade de sua remissão após exames recentes. “Sigo em remissão, para honra e glória de Deus”, afirmou a modelo, esposa do apresentador Rodrigo Faro.
A cura e o tempo: um processo de longo prazo
A cura do câncer, segundo o dr. Mello, é geralmente considerada após um período de cinco anos ou mais em remissão completa, dependendo do tipo de tumor. “Esse prazo é uma referência porque, na maioria dos casos, se o câncer não retornar nesse período, a chance de recidiva diminui significativamente”, explica.
No entanto, ele reforça que o acompanhamento médico contínuo é essencial, mesmo após esse marco.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que as chances de cura variam muito conforme o tipo de câncer e o estágio no momento do diagnóstico. Por exemplo, tumores como o de mama e o de próstata, quando detectados precocemente, têm taxas de cura superiores a 90%. Já outros, como o câncer de pulmão ou pâncreas, podem ser mais desafiadores, especialmente em estágios avançados.
“O diagnóstico precoce é o maior aliado da cura. Além disso, cada tipo de tumor responde de forma diferente aos tratamentos, e alguns são mais propensos a metástases”, destaca o oncologista.
Acompanhamento médico: uma prioridade vital
Mesmo em remissão, o acompanhamento médico regular é indispensável. “O objetivo é monitorar qualquer sinal de recidiva ou identificar novos problemas de saúde”, afirma o dr. Mello. Esse acompanhamento inclui consultas periódicas, exames de imagem (como tomografias e ressonâncias), análises laboratoriais (como marcadores tumorais) e exames físicos.
Em alguns casos, pacientes podem precisar de acompanhamento por décadas, dependendo do tipo de câncer e do risco de retorno.
A psicóloga oncológica dra. Mariana Lima, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, complementa que o impacto emocional da remissão também exige atenção. “Muitos pacientes oscilam entre alívio e medo do retorno da doença. É fundamental oferecer suporte psicológico para lidar com essa incerteza”, explica.
Programas de apoio, como grupos de pacientes e terapias integrativas, têm se mostrado eficazes para melhorar a qualidade de vida durante e após o tratamento.
Avanços na oncologia: esperança no horizonte
Os avanços na medicina têm ampliado as chances de remissão e cura. Terapias-alvo, imunoterapias e tratamentos personalizados baseados no perfil genético do tumor estão revolucionando o combate ao câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% a 50% dos casos de câncer podem ser prevenidos com medidas como evitar o tabagismo, manter uma alimentação saudável e realizar exames preventivos regulares.
Casos como os de Vera Viel e Isabel Veloso inspiram, mas também lembram a importância de informação e prevenção. “A remissão é uma conquista, mas o caminho para a cura exige paciência, vigilância e confiança na ciência”, conclui o dr. Mello.
Para pacientes e familiares, a mensagem é clara: celebrar cada etapa, mas manter o foco no acompanhamento e na esperança de um futuro livre da doença. Fontes adicionais: Instituto Nacional do Câncer (INCA), Organização Mundial da Saúde (OMS), entrevista com Dra. Mariana Lima, psicóloga oncológica
Nota: Este artigo foi elaborado com base em informações fornecidas por especialistas e dados de fontes confiáveis, visando esclarecer o público sobre o tema da remissão do câncer
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