Escanteado no Lolla, JPEGMAFIA faz show grandioso para público singelo


Rapper faz segunda apresentação no Brasil nesta sexta (28) com setlist apressado. Todos os shows do Lolla atrasaram por uma interrupção por causa da chuva. Show de JPEGMAFIA no Lollapalooza 2025
Deslange Paiva/g1
JPEGMAFIA foi colocado para fechar o palco dedicado a música eletrônica nesta sexta-feira, missão complicada na disputa de público que se concentrava para ver Olivia Rodrigo.
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Apesar do pouco público, o carinhosamente apelidado de Peggy pelos fãs seguiu o show como sempre faz, controlador e em um cenário onde a sua voz é o mais importante a ser mostrado.
Ele subiu no palco usando um chapéu, mas a luz era tão forte que mal dava para ver o artista.
Peggy seguiu o protocolo e apresentou músicas do seu disco mais recente “I Lay Down My Life For You”, de 2024, “Veteran”, de 2018, e “Scaring The Hoes”, projeto de 2023 em parceria com Danny Brown.
Logo no inicio do show os fãs já abriram uma roda punk, que se perpetuou até o final.
Na noite de quinta-feira (27), Peggy fez uma apresentação no Cine Joia, também em São Paulo, e o espaço pareceu pequeno para os fãs eufóricos.
Em sua grande maioria homens brancos, a empolgação era tanto que ao menos cinco seguranças tiveram que ficar no palco por quase 1h porque os fãs estavam tentando subir no palco.
Eles pulavam, gritavam e formavam dezenas de rodas. Por um momento, naquele espaço pequeno, JPEGMAFIA foi como um Travis ScoTt de baixo orçamento.
Ele guiava seu público – na sua grande maioria formada por jovens brancos – como um pastor punk, de um lado para o outro.
Peggy já falou diversas vezes sobre ter fãs brancos, já até chegou a dizer que não era racista “Olha para quantos brancos eu toco”.
No Cine Joia, ele cantou mais de 20 músicas, incluindo um cover de “Call Me Maybe” de Carly Rae Jepsen e botou um monte de marmanjo para cantar a música de uma cantora pop. Peggy também interagiu com os fãs em diversos momentos e prometeu que voltaria ao Brasil em breve.
No Lolla foi protocolar, reduziu o setlist e falou apenas o necessário, como anunciar a próxima música.
Ele parecia que estava sendo apressado pela produção. Como Peggy controla o momento em que as músicas eram tocadas, ele sempre sinalizava a próxima a tocar.
Nos dois shows, “Jesus Forgive Me, I Am Thot” foi a música de abertura. A maravilhosa “don’t rely on other men” e “Baby I’m Bleeding” também entraram no setlist.
No Cine Joia ele encerrou o show com ​“it’s dark and hell is hot”, produzida pelo brasileiro Ramemes. no Lolla, a escolhida foi “Burfict!”.
Ex-militar
Barrington DeVaughn Hendricks, o Peggy, é uma espécie de gênio. Ele nasceu em Barrington Hendricks no Brooklyn, Nova York e já tem seis discos de estúdio lançados. A primeira vez de Peggy no Brasil foi em 2022, no Primavera Sound SP.
As músicas do rapper refletem o que ele faz para sobreviver. Aos 18 anos, Peggy precisava de dinheiro e acabou se alistando nas Forças Armadas americanas. Ele serviu na Força Aérea dos Estados Unidos e chegou a ser enviado para atuar no Iraque, Afeganistão, Kuwait, Norte da África e Japão.
Em entrevista ao “Guardian”, em 2019, ele disse que se alistou no exército por ser “pobre e negro”. Peggy explicou que um recrutador foi até sua escola e falou sobre o alistamento.
“Pensei que não tinha outra opção, poderia morrer, mas pelo menos sairia da minha situação. Eu não sou um patriota, eu não tinha desejo de defender meu país ou algo assim. Eu era pobre e tiraram vantagem de mim, na verdade”, afirmou na entrevista.
Antes da força área, ele morou no Alabama, com os pais, onde vivenciou diversas situações de racismo.
O rapper começou a produzir com 15 anos, inclusive, enquanto estava no exército, escrevia e produzia nos poucos momentos que estava longe da zona de combate. Ao ser dispensado, em 2015, Peggy se mudou para Baltimore, lançou seu primeiro EP, Communist Slow Jams e mais para frente adotou o nome JPEGMAFIA.
Peggy chegou em Baltimore na mesma época do caso Freddie Gray, jovem negro morto durante uma abordagem policial. A morte ocasionou uma série de protestos pelos Estados Unidos contra a brutalidade policial.
A realidade de Baltimore inspirou o EP Darkskin Manson, com músicas como “Cops Are The Target”.
Ao longo de diversos EPs e seis discos, Peggy criou um som experimental de revolta misturado com ativismo. Muitas das suas letras refletem a sua relação com o serviço militar americano, o racismo e, principalmente, a violência policial.
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