Em entrevista, Bolsonaro nega golpe: “Isso não tem cabimento”

Bolsonaro cedeu entrevista ao SBT de um leito no hospital DF StarReprodução/YouTube/SBT

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em entrevista, de uma cama do Hospital DF Star, que as acusações contra ele têm motivação política, e que são infundadas. Ele está internado em Brasília após passar por uma cirurgia no intestino.

Bolsonaro concedeu uma entrevista exclusiva ao programa SBT Brasil, que foi ao ar na noite desta segunda-feira (21). Ele conversou por videochamada com o apresentador César Filho e negou envolvimento em qualquer tentativa de golpe de Estado.

“Como posso deteriorar patrimônio público se eu estava fora do Brasil? Golpe de Estado sem liderança, tropa, armas, num domingo, e com o presidente fora do país? Isso não tem cabimento”, disse o ex-mandatário ao SBT. 

Líder da direita

Jair Bolsonaro também se diz ser hoje o maior líder da direita na América do Sul e, nas palavras, devido ao tamanho do Brasil, talvez “também mundial”. Em seguida, ele cita o respeito e gratidão que tem por Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos.

Apesar de ser considerado inelegível pela Justiça Eleitoral, Bolsonaro demonstrou otimismo com o cenário político. Ele afirma acreditar em uma mobilização da direita nas eleições de 2026.

“É uma batalha difícil, estou inelegível porque me reuni com embaixadores; em outro momento subi em um carro de som do pastor Silas Malafaia e fui acusado de abuso de poder econômico. Um absurdo”, afirma. Bolsonaro também analisa que a esquerda não tem um nome forte: “Se for Lula, pior ainda. Já do nosso lado, há bons nomes que podem se apresentar”, conta ao jornalista César Filho.

Nega participação em golpe

Bolsonaro afirma que não teve participação nos atos de 8 de janeiro de 2023Reprodução/Youtube

Ao ser perguntado sobre a suposta participação nas tentativas de golpe de Estado em 2022, Bolsonaro classificou as acusações como infundadas. Segundo ele, os processos dos quais está sofrendo têm motivação política. “Como posso deteriorar patrimônio público se eu estava fora do Brasil? (…) Golpe de Estado sem liderança, tropa, armas, num domingo, e com o presidente fora do país? Isso não tem cabimento”, afirmou ao SBT.

Sobre a participação na elaboração de uma “minuta de golpe”, o ex-presidente negou a existência de qualquer plano nesse sentido. “Conversamos sobre dispositivos constitucionais. Isso não é crime”, afirma. Segundo ele, o que foi discutido internamente se chama “estado de defesa”, que estaria previsto na constituição. Bolsonaro alega que ele e seu partido pretendiam questionar “inconsistências encontradas nas eleições”.

Bolsonaro também rechaçou envolvimento com o plano conhecido como “punhal verde e amarelo”, que, segundo as investigações, previa atentados contra Lula, Alckmin e Moraes. “Nunca ouvi falar disso. Tomei conhecimento pelos vazamentos da Polícia Federal para a imprensa. Não tenho relação alguma”, pontua à César Filho.

Internação prolongada

Ao comentar sobre seu estado de saúde, o ex-presidente afirmou ao SBT que deve ficar pelo menos mais uma semana no hospital de Brasília. Segundo ele, a complexidade da cirurgia e o tempo de recuperação o fizeram optar por ficar na capital federal, perto da família.

“Eu entendo que seria melhor tratado aqui em Brasília, ao lado da minha família, do que em São Paulo. Minha esposa vem aqui todo dia. A previsão é ficar mais uma semana aqui, no mínimo. Seria muito dispendioso ir para São Paulo”, contou.

Bolsonaro está na UTI desde que passou por uma cirurgia no último dia 13. No procedimento cirúrgico, que durou 12 horas, os médicos liberaram aderências intestinais e reconstruíram a parede abdominal.

No final de março, Jair Bolsonaro e outros sete aliados se tornaram réus na Justiça, após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) ser aceita pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles irão responder por envolvimento na elaboração de uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

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