EXCLUSIVO – Ribeirinhos denunciam derramamento de óleo em Outeiro; vídeos

Ribeirinhos do Distrito de Outeiro, em Belém, denunciaram ao portal Ver-o-Fato um grave derramamento de óleo ocorrido na terça-feira, 22 de abril, atribuído ao navio “Forte de São Felipe”, operado pela empresa Sotave Amazônia Química Mineral S.A. Segundo a comunidade, o vazamento tem causado sérios prejuízos à pesca artesanal, principal fonte de sustento de famílias da região, e já atinge a Ilha do Jutuba, onde o óleo se espalhou, comprometendo a biodiversidade aquática.

Até o momento, nem a Sotave nem a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) responderam às tentativas de contato da equipe do Ver-o-Fato, que mantém espaço aberto para esclarecimentos.

O derramamento de óleo representa uma ameaça devastadora à fauna aquática dos rios paraenses. Substâncias como óleos combustíveis e lubrificantes formam uma película na superfície da água, reduzindo a oxigenação e bloqueando a luz solar, essencial para o fitoplâncton, base da cadeia alimentar aquática. Peixes, crustáceos e outros organismos podem sofrer intoxicação, asfixia ou morte, enquanto os que sobrevivem ficam contaminados, tornando-se impróprios para consumo.

Para os ribeirinhos, que dependem da pesca para alimentação e renda, o impacto é imediato: a redução drástica de peixes e a contaminação dos estoques comprometem sua segurança alimentar e econômica, agravando a vulnerabilidade de comunidades já marginalizadas.

A Ilha do Jutuba, agora infestada pelo óleo, é um exemplo claro do alcance do problema. A poluição ameaça ecossistemas frágeis, como manguezais e áreas de reprodução de espécies, com efeitos que podem perdurar por anos, dificultando a recuperação ambiental e a retomada das atividades pesqueiras.

Efeitos da poluição por óleo no meio ambiente

O despejo de óleos de navios no meio ambiente gera consequências graves:

  • Contaminação da água: Óleos contêm hidrocarbonetos tóxicos que se acumulam nos tecidos de organismos aquáticos, entrando na cadeia alimentar e podendo até alcançar humanos.
  • Destruição de habitats: Manguezais, berçários naturais de diversas espécies, são particularmente sensíveis, com raízes e sedimentos retendo o óleo por décadas.
  • Perda de biodiversidade: A mortandade de peixes, aves aquáticas e outros animais reduz a diversidade biológica, desequilibrando ecossistemas.
  • Impactos socioeconômicos: Além dos pescadores, setores como turismo e comércio de pescado sofrem com a degradação ambiental.

Medidas para evitar derramamentos

Para prevenir incidentes como o do “Forte de São Felipe”, é essencial adotar medidas rigorosas:

  1. Fiscalização intensiva: Órgãos como a Marinha do Brasil e a Semas devem realizar inspeções regulares em embarcações, verificando tanques de combustível, sistemas de descarte e manutenção.
  2. Regulamentação mais rígida: Atualizar legislações, como o Código de Mineração e normas marítimas, para impor sanções severas a empresas poluidoras e exigir planos de contingência robustos.
  3. Treinamento e tecnologia: Capacitar tripulações e investir em tecnologias de monitoramento, como sensores de vazamento, para detectar problemas em tempo real.
  4. Resposta rápida: Criar equipes de contenção de derramamentos em áreas estratégicas, como portos e rotas fluviais, equipadas com barreiras flutuantes e materiais absorventes.
  5. Engajamento comunitário: Envolver ribeirinhos na fiscalização ambiental, valorizando seu conhecimento local e garantindo que denúncias, como a de Outeiro, sejam investigadas com urgência.

Um chamado à ação

O caso expõe a fragilidade do controle ambiental no Pará e a dependência de comunidades ribeirinhas de rios saudáveis. A ausência de respostas da Sotave e da Semas reforça a necessidade de maior transparência e comprometimento, levando-se em consideração que Belém, em novembro próximo será a sede mundial da COP-30, quando questões como essa devem ser intensamente debatidas.

Proteger os rios amazônicos é não apenas uma questão ambiental, mas uma dívida social com os povos que vivem em harmonia com esses ecossistemas. A pressão por investigações e reparações deve ser intensificada, garantindo que os responsáveis sejam punidos e que os pescadores de Outeiro e da Ilha do Jutuba recebam apoio para superar os prejuízos

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