Um novo estudo revelou que as mãos do Homo naledi – espécie de hominídeo que viveu há cerca de 250 mil anos – se adaptaram para escalar, mas também para manipular materiais e ferramentas. A descoberta ajuda a comunidade científica a entender melhor a evolução das mãos humanas, que seguiram um caminho não linear, mas de diferentes adaptações.
Os pesquisadores compararam fósseis de ossos do H. naledi com a espécie Australopithecus sedibai — que viveu há 2 milhões de anos. Eles perceberam que ambos são um mosaico entre as características dos primatas e as propriedades específicas dos humanos. Nesses grupos, as mãos serviam tanto para trabalhar materiais quanto para locomoção.
“É provável que não tenha sido uma evolução tão linear. Provavelmente foi muito para cima e para baixo, e diferentes hominídeos provavelmente realizavam ambos os comportamentos, apenas em frequências diferentes”, disse Samar Syeda, autora do estudo e pesquisadora, em uma entrevista.

Mãos evoluíram para maior destreza
O dedão e o mindinho dos A. sedibai se adaptaram para “pegadas de força”, que facilitavam o trabalho com rochas, enquanto outras partes da mão serviam para a movimentação. “Esses dois dedos têm maior probabilidade de refletir sinais de manipulação, pois são usados com menos frequência ou sofrem menos durante a escalada, ou locomoção suspensiva”, explicou a pesquisadora.
Os H. naledi apresentavam uma mistura de características, com alguns dedos tendo aparência mais humana e outros mais parecidos com os símios. Seus ossos manuais também eram curvados, uma indicação do uso desses membros para a mobilidade
A equipe constatou que as mãos de H. naledi pareciam bem adaptadas para “pegadas de aperto”, muito utilizadas por escaladores atualmente. A espécie viveu em cavernas da África do Sul, principalmente no sistema cavernoso Rising Star. Isso poderia justificar sua adaptação para habilidades de escalada, sugeriram os pesquisadores.
“Então tivemos que considerar cenários comportamentais alternativos que resultariam nessa carga diferente [dos vários ossos dos dedos], e o mais próximo que conseguimos pensar foi como os humanos modernos escalam rochas”, disse Syeda

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Evolução não foi uma linha reta
O grupo ainda busca mais evidências para chegar a uma conclusão no futuro. “No entanto, ainda é preciso testar mais para saber se pegadas para escalada eram usadas habitualmente pelo H. naledi e se eram utilizadas para escalar superfícies rochosas verticais”, eles escreveram.
A pesquisa sugere que houve uma grande variação não linear entre o formato das mãos dos hominídeos pré-históricos. A transição entre as características primatas para as humanas dependeu de uma sequência de adaptações que misturavam as propriedades.
“Este trabalho oferece ainda mais evidências de que a evolução humana não é uma transição única e linear da caminhada ereta para o uso cada vez melhor de ferramentas, mas é caracterizada por diferentes ‘experimentos’ que equilibraram a necessidade de manipular e se mover dentro desses ambientes do passado”, concluíram os pesquisadores.
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