Marcou programa com a ex fingindo ser cliente e acabou atropelado

O atropelamento de um homem na Rua Joaquim Lapas Veiga, na zona oeste de São Paulo, revelou uma história complexa marcada por violência doméstica, perseguição e desespero. A autora do atropelamento é a ex-esposa da vítima, que, segundo a polícia, agiu em pânico após ser alvo de mais uma sequência de agressões.

De acordo com a investigação conduzida pelo 89º Distrito Policial (Jardim Taboão), o homem se passou por outra pessoa para marcar um encontro com a ex-mulher, que atualmente trabalha como garota de programa. Utilizando nome e número de telefone falsos, ele a contratou por meio de um site de acompanhantes. Sem desconfiar, a mulher aceitou o encontro, e os dois passaram a madrugada em um motel na região de Pinheiros.

Histórico de violência

Em depoimento, a mulher relatou ter vivido com o ex-marido por cerca de um ano, período em que sofreu diversas agressões físicas, resultando no fim da relação. Ela registrou dois boletins de ocorrência contra ele por violência doméstica e possuía medidas protetivas em vigor.

No motel, segundo a vítima, o ex-companheiro inicialmente se comportou de forma tranquila, mas passou a agredi-la após consumir bebidas alcoólicas. Ela relata ter levado um tapa no rosto, puxões violentos no cabelo e um soco nas costas. Ao tentar deixar o local, o homem tomou a chave de seu carro, impedindo-a de sair. Após algumas horas, ela conseguiu sair com ele, mas o conflito continuou.

Na saída, ele ainda se recusou a pagar a estadia, protagonizando uma confusão na recepção do motel. A polícia chegou a ser acionada, mas a situação foi controlada antes da chegada dos agentes.

Fuga e atropelamento

A mulher contou que, após o desentendimento, o homem saiu sozinho com seu carro — registrado no nome da mãe dela —, mas voltou minutos depois para buscá-la. Eles seguiram juntos até uma borracharia, pois o para-choque do carro estava danificado, o que poderia chamar a atenção da Polícia Rodoviária.

Na borracharia, o homem desceu para conversar com um funcionário, enquanto a mulher permaneceu no carro, que ela havia assumido a direção mesmo sem ter habilitação. Quando o ex-marido tentou retornar ao veículo, percebeu que ela havia trancado as portas. Ele então subiu no capô para impedi-la de fugir. Ainda assim, ela acelerou com ele no capô.

Câmeras de segurança flagraram o momento em que o homem caiu e foi atropelado. Testemunhas tentaram socorrê-lo, levantando o veículo para retirá-lo debaixo das rodas. Policiais militares chegaram em seguida e acionaram o helicóptero Águia da PM para levá-lo, inconsciente e gravemente ferido, ao Hospital das Clínicas. Até o momento do registro, ele permanecia vivo.

“Tragédia anunciada”

O delegado responsável pelo caso, Rodolfo Furtado Bastos, classificou o episódio como o “infeliz desfecho de uma tragédia declarada”. Ele destacou o histórico de violência do homem e a série de agressões sofridas pela mulher, avaliando que o desfecho poderia ter sido ainda mais trágico para ela.

“Tudo indica que a vítima [mulher] foi levada a agir em um momento de desespero e medo. Acreditamos que havia um risco concreto de feminicídio”, afirmou o delegado, que optou por não decretar prisão em flagrante.

O atropelamento foi registrado como lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, com agravante pelo fato de a mulher não possuir carteira de habilitação.

O caso continua sob investigação, e a mulher poderá responder em liberdade enquanto as autoridades apuram se houve legítima defesa ou se novos elementos surgem para reclassificar o crime.

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