
Um peixe raro que vive em cavernas na Somália chamou a atenção de cientistas por um motivo inusitado: ele morre se for exposto à luz do sol. Conhecido como “peixe-vampiro”, o ‘Phreatichthys andruzzii’ vive há cerca de 2 milhões de anos em ambientes totalmente escuros, o que fez com que perdesse olhos, cor e a capacidade de lidar com a luz.
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, na Alemanha, descobriram que esse peixe não possui o sistema de reparo do DNA que a maioria dos seres vivos tem para se proteger dos danos causados pela radiação ultravioleta.
Por isso, quando exposto à luz, seu material genético sofre danos irreversíveis, levando à morte. Até mesmo os ovos não resistem à claridade: em testes de laboratório, eles morreram poucos dias após a exposição à luz.
Além disso, o Phreatichthys andruzzii é completamente cego e sem pigmentação. Ele também não possui escamas e tem um relógio biológico diferente, que não se ajusta à luz do dia como em outros animais. Em vez disso, seu ciclo interno pode durar até 47 horas e é regulado principalmente pelos horários de alimentação.
Esse peixe é um exemplo de como a vida pode se adaptar a ambientes extremos. Sua condição lembra uma doença rara em humanos chamada xerodermia pigmentosa, em que a exposição à luz solar pode causar sérios danos à pele. Por isso, tanto o peixe quanto as pessoas com essa condição são comparados a “vampiros”, que evitam a luz do sol.
O Phreatichthys andruzzii está classificado como “vulnerável” na lista de espécies ameaçadas e é um dos poucos peixes que vivem em cavernas na Somália.